Sofia Lisboa, ex-vocalista do grupo de sucesso Silence 4, esteve esta segunda-feira, dia 11, no programa da SIC “Júlia”. A cantora recorda a fase difícil que viveu, quando em 2010 foi diagnosticada com leucemia. Na altura, estava grávida de 14 semanas. Ao falar da luta contra a doença, confessa a Júlia Pinheiro que “o momento mais crítico foi o aborto”, que teve de fazer para iniciar tratamentos.
“Quando ouvi o tom da minha médica ao telefone o pior que eu pensei foi: ‘há qualquer coisa com a criança’. Acontece. Longe de mim imaginar que não só a criança estava condenada, como eu própria”, recorda sobre o momento em que soube que estava doente. Tal aconteceu durante os exames que fazia durante a gestação: “Os sintomas que tinha eram muito semelhantes aos da gravidez. O que chamou a atenção foi a quantidade de glóbulos brancos, que aumentou bastante”. No IPO, é avisada que o “bebé não era viável”, pois era “um cancro no sangue” e por isso “o próprio bebé estava condenado”. Teve então de interromper a gravidez “O aborto foi durante a noite, de manhã acabaram a aspiração e de tarde já estava a fazer quimioterapia”, conta.
Sobre o momento do aborto, Sofia assegura que foi muito doloroso em termos emocionais. Apesar da dor, tem consciência que foi a gravidez que a salvou, uma vez que não tinha sintomas da doença e que esta acabou por ser descoberta devido aos exames recomendados durante a gestação. “Aquele bebé nunca aconteceu. Foi só para me alertar e desapareceu. Fez a sua missão e seguiu”, afirma, com lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios.
Sofia Lisboa recebeu um transplante de medula da irmã, fez tratamentos duros e passou por grandes provações que a deixaram irreconhecível. Uma batalha que durou cerca de quatro anos e que agora é relatada num livro que escreveu. Venceu a doença, e foi obrigada a reformar-se por invalidez. Explica que é por isso que não pode receber dinheiro dos direitos de autor das músicas em que participou. Se decidir voltar ao trabalho, terá de devolver o dinheiro que já recebeu das pensões. Apesar de tudo, não desiste e vai regressar ao palcos em abril para um espetáculo em Leiria, “La Bohéme”, pelo qual não vai receber nada. É a forma de continuar a fazer o que ama.