Como um furacão, que fez desabar toda a família. Foi assim que a notícia de que João tinha um cancro foi recebida no seu lar, como conta a madrasta, Mária, em exclusivo à TvMais. “Foi uma fase muito complicada, muito delicada e que transformou a nossa casa num furacão. O mundo desabou”, desabafa. O processo que culminou com a descoberta do tumor foi “bastante longo” na vida do agricultor, hoje com 21 anos. “O João foi mais de 22 vezes ao centro de saúde, à urgência, nunca era nada, diziam sempre que eram dores musculares”, recorda. Mária não tem dúvidas de que “os doutores não ligaram ao caso dele” e vai mais longe, assegurando que se tratou de “negligência médica”: “O diagnóstico foi tardio. Se tivesse sido mais cedo, provavelmente não teria sido necessário fazer os tratamentos”, acusa.
Só quando o concorrente de “Quem Quer Namorar com o Agricultor?” foi atendido no hospital da ilha Terceira – meses mais tarde – é que o pior se confirmou: “Depois de ele fazer uma TAC na Terceira, quando fomos a uma urgência, e viram o exame disseram que era um tumor num rim, só que não sabíamos bem o que era”, lembra. E foi então que o médico os aconselhou a seguirem com os tratamentos em Coimbra. “Foi lá que o operaram. O João ainda fez muitas viagens, porque o tratamento se prolongou por um longo período fora de casa. Enquanto fez a quimioterapia, nunca veio a casa”, confidencia. Apesar da distância, João nunca esteve sozinho. “Foi a família praticamente toda a acompanhá-lo. Não nos mudámos todos, mas estavam sempre duas pessoas com ele. Estava eu, a minha sogra, o pai do João, os irmãos. Ele nunca esteve sozinho. Era impossível”, explica Mária.
Em 2018, a melhor das notícias chegou, quando o estado de saúde do jovem agricultor melhorou consideravelmente. “É a melhor notícia que se pode receber. É melhor do que o Euromilhões, certamente. Não há explicação possível”, afirma a madrasta. Hoje, João Bettencourt continua a ser seguido. “Ele vai às consultas de rotina, como é normal, e tem estado tudo bem, felizmente. E queremos acreditar que vai ficar tudo bem. Mas a luta é para sempre”, completa a empresária.
Ao participar no programa e falar sobre o seu sofrimento, o rapaz quer passar uma mensagem de esperança aos portugueses. “Ele pode dar um exemplo a muitas pessoas. E depois de saberem mais a fundo a história dele, vai ser muito bom principalmente para certas pessoas que vivem com este problema, que falem sobre a doença. O caso do João foi uma história que felizmente acabou bem, mas podia ter acabado mal, por o nosso centro de saúde não ligar ao facto de ele ser jovem e não ter doenças, que é o que pensavam aqui as pessoas novas – as pessoas novas pensam que não há doenças – quando elas existem. Infelizmente, foi o caso. A nossa médica de Família na altura ignorou completamente as dores que ele tinha, que eram constantes, de noite, de dia, uma coisa fora do normal”, lembra.