No “Linhas Vermelhas” (SIC Notícias) desta segunda-feira, dia 24, a deputada assumiu a homossexualidade e disse estar “preparada para tudo”. A também candidata à liderança do Bloco de Esquerda reagiu assim à “perseguição política” de que é alvo.
No programa de debate de ideias sobre temas nacionais e internacionais do canal de Carnaxide, Mariana Mortágua foi clara quanto ao seu posicionamento.
Além de afirmar que está preparada para tudo, fez questão de esclarecer que vai continuar a ser quem é e a fazer o seu trabalho.
“Seja porque sou mulher lésbica”
Em causa está o processo contra a deputada, que tinha sido arquivado pelo Ministério Público e que voltou a ser reaberto.
No referido processo, Mortágua é acusada de violar o regime de exclusividade por fazer comentário político na SIC Notícias.
Assim, neste dia, no programa em que é comentadora, a deputada decidiu expor um pouco da sua vida pessoal.
“Sei que este tipo de pressão e perseguição política vai continuar e até subir de tom”, começou por dizer.
E continuou: “Seja porque sou mulher, seja porque sou de esquerda, seja porque sou uma mulher lésbica, seja porque sou filha de um resistente antifascista, seja porque, aparentemente, tenho o dom de incomodar algumas pessoas com muito poder”.
Homossexualidade assumida
Por fim, Mariana Mortágua conclui: “Sei que infelizmente para algumas pessoas vale tudo na política”.
Portanto, após vários processos judiciais movidos contra si – e todos arquivados -, Mariana Mortágua antecipa, deste modo, outros ataques. E junta-se, assim, a outros políticos que já assumiram publicamente a sua homossexualidade.
Falamos de Graça Fonseca, ex-ministra da Cultura, de Adolfo Mesquita Nunes, antigo secretário de Estado, e ainda de Paulo Rangel, vice-presidente do PSD.
Aliás, é público que Graça Fonseca foi a primeira a assumir a sua homossexualidade. Aconteceu em 2017 numa entrevista ao ‘Diário de Notícias’.
Graça Fonseca assumiu em 2017
Na ocasião, Graça Fonseca considerou que era importante haver personalidades a divulgar que são homossexuais. Com que objetivo? O de considerar que assim podia ajudar a combater o preconceito.
Na referida entrevista, a ministra disse ainda considerar que tudo pode mudar se as pessoas começarem a olhar para os políticos, desportistas ou artistas sabendo que estes são homossexuais, “como é o meu caso”, referiu.
Graça Fonseca afirmou que “isso pode fazer que a próxima vez que sai uma notícia sobre pessoas serem mortas por serem homossexuais pensem em alguém por quem até têm simpatia.”
Homossexualidade como arma de arremesso
Apesar desta intervenção ter alguns anos, e do pedido de empatia, a verdade é que, na prática, as mudanças, são pouco visíveis.
Mais tarde, recorde-se, foi Paulo Rangel. No ‘Alta Definição’ (SIC), a assumir-se. O eurodeputado afirmou não ter qualquer problema em assumir a sua homossexualidade.
No entanto, não considerou relevante para a sociedade, em termos políticos, saber-se a orientação sexual de um político. Ainda assim, considerou que pode ser uma “arma de arremesso”.
Seguiu-se, por fim, foi Adolfo Mesquita Nunes. Numa entrevista ao ‘Expresso’, Mesquita Nunes contou que a questão surgiu na sua campanha eleitoral na Covilhã. Contudo, referiu que lidou bem com a situação. Nas suas palavras: “com naturalidade”.
Assine a nossa NEWSLETTER gratuita
Seja o primeiro a saber o que está a DAR QUE FALAR!