É fácil entender porque Cláudia Vieira continua a ser uma das personalidades da televisão mais acarinhadas do País. É que nos últimos 20 anos, e apesar de ter-se tornado uma das estrelas mais conhecidas e mediáticas da televisão, nunca perdeu a humildade, simpatia e respeito pelos seus pares, assim como por todos os que acompanham o seu percurso profissional e até a sua vida mais privada. Passaram-se duas décadas desde que deu vida a Ana Luísa, a sua personagem na 2a temporada da série juvenil da TVI “Morangos com Açúcar”.
“Sou muito grata por ter vindo parar a este meio onde me encontrei e pensei: ‘Fazia isto o resto da vida’. Embora seja exigente, cansativo e tenha dias amargos (porque também tem), tenho sido uma privilegiada, com desafios absolutamente incríveis, tenho sido feliz, crescido profissionalmente e enquanto pessoa. É muito bom chegar até aqui, perceber o caminho que tenho feito e que quero continuar a fazer com todas estas pessoas”, partilhou a atriz e apresentadora da SIC na festa que muitos amigos lhe prepararam para celebrar os 20 anos de carreira, no dia 16 de outubro.
“Era para ser surpresa, mas descobri que isto ia acontecer. Entretanto, percebi que era no mesmo dia em que a minha avó [paterna, Ludovina] celebrava 92 anos. E pensei: Porque não?! Celebramos juntas”, adianta. Veja o vídeo da festa aqui. O balanço destas duas décadas na televisão não podia ser melhor! “Acima de tudo, faz-me perceber que a vida é muito veloz, passa tudo muito rápido. Não parece que se passaram 20 anos. Estes últimos, felizmente, com um ritmo mais lento, porque tenho uma filha adolescente e uma pequenina. Tenho mais facilidade em dizer ‘não’ do que tinha antigamente e isso é uma coisa que se ganha com a experiência e maturidade.”
Cláudia Vieira assume que não sonhava em trabalhar em televisão
O mundo da televisão não era uma objetivo para a jovem Cláudia, na altura com 25 anos. “A minha grande paixão seria ser professora de Educação Física e Desporto. Na altura, tinha uma empresa de organização e promoção de eventos. Estive no lado de produtora e organizar agendas. Era a minha vida e era feliz. Nunca foi um sonho, nunca houve um correr atrás. As portas abriram-se e eu agarrei as oportunidades. Ainda hoje ajo de forma descontraída, mas com o respeito que tenho por tudo e todos que esta área envolve, mas depois levo tudo muito a sério e foco quando lá estou. Mesmo sem saber que estou preparada, arrisco e não quero desiludir. Mas tenho sempre medo de desiludir e não estar à altura”, diz.
“A minha vida mudou completamente. Mas houve uma altura em que acho que perdi o controlo da minha vida, do meu tempo, a todos os níveis. Questionei-me se fazia sentido continuar porque sentia-me um robô. Era tudo ao mesmo tempo e era muito angustiante dizer que não. Então tentava fazer tudo e o tempo de descanso era inexistente, o tempo com a minha família era reduzido, as minhas fontes estavam escassas. E nessa altura questionei-me: ‘Mas o que é que estou a fazer a mim própria’. Sentia-me feliz com o que estava a fazer, mas angustiada ao mesmo tempo. Depois comecei a aprender a gerir e a fazer um equilíbrio. Agora tenho duas filhas que precisam da minha atenção e não posso trabalhar com o ritmo que trabalhava há 10 ou 15 anos”.
Cláudia Vieira sabe que é isto que quer continuar a fazer para o resto da sua vida. “Sou muito grata e entusiasta pelas várias coisas que vão surgindo. Trouxe-me saber que amo o que faço, que gosto muito de comunicar, ter descoberto a representação e o brincar ao ‘faz de conta’. Convém haver uma certa loucura e não pensarmos muito se temos ou não as ferramentas certas para avançar. Aprendi a lidar com a vida.”