Foi no início de novembro que José Castelo Branco foi formalmente acusado pelo Ministério Público por violência doméstica contra Betty Grafstein. Agora, o caso segue para a fase de instrução e, se chegar a Tribunal, poderá precisar de depoimentos chave para uma condenação. E de acordo com um especialista forense, o depoimento já prestado por Betty Grafstein poderá não ter validade em tribunal.
“Estas declarações foram muito vagas o que foi prestado perante o juiz. A informação que foi prestada com mais detalhe foi à unidade hospitalar e à GNR. Para ser válido vai ter que ser repetido em tribunal por parte da Betty. E será que ela tem condições de vir a Tribunal?”, disse Albino Gomes, consultor forense, no “TVI Em Cima da Hora”. Recorde-se que Betty Grafstein completa 96 anos nesta quarta-feira, 27 de novembro, e encontra-se internada numa unidade de cuidados continuados em Nova Iorque.
Conceição Queiroz perguntou então sobre o depoimento gravado em áudio de Betty Grafstein a descrever algumas agressões, que a terão levado ao internamento no Hospital da CUF de Cascais. “Isto pode servir para a convicção do juíz. Mas se olharmos para isto de uma forma clara, à luz da ciência, pouca validade tem”, disse o especialista. Além disso, Albino Gomes considera que a acusação tem “pontas soltas” devido a ausência de duas perícias importantes.
“Fez-se alguma perícia da capacidade de testemunho? Não”, disse o especialista, que considera que Betty deveria ter sido transferida a um hospital público onde poderia ter sido realizada uma perícia médico-legal na altura em que denunciou as agressões. Além disso, a segunda falha, de acordo com o especialista, é o facto de o Ministério Público ter descartado a realização de uma perícia psicológica a José Castelo Branco, que tinha sido marcada para o último mês.
“Aqui dava uma leitura do perfil deste indivídio. Há aqui pontas soltas com a ausência destas perícias. A fragilidade desta prova, vai ficar tudo pelo testemunho”, declarou Albino Gomes. O especialista destaca ainda que os profissionais do Hospital CUF Cascais deverão ser chamados como testemunhas para prestar depoimento em tribunal.