No café, Arminda está ao balcão, enquanto Prazeres e Gabriela repõem os salgados e sandes no expositor numa altura em que a clientela acalmou. Elsa entra a ler uma mensagem que a deixa eufórica. “Queres ver que lhe rebentaram as águas”, diz Arminda. A jovem está cada vez mais histérica e com enorme sorriso nos lábios. “O meu pai transferiu-me o dinheiro. Assim que cair na conta, fico rica! Estou rica! Estou rica!”, conta. Nisto, começa a dançar sem parar, fazendo todo o tipo de movimentos bruscos, sem se lembrar que está com a barriga falsa em frente à futura sogra. “Olha o bebé, Elsa”, avisa Prazeres. Mas a rapariga está em êxtase. Não quer saber de mais nada a não ser a quantia que o pai lhe vai depositar na conta. Ignora o aviso e continua a rodopiar. A barriga falsa vai-se desprendendo sem que ela se aperceba, desviando-se da posição. “Quanto é, já sabes?”, pergunta Gabriela.
Elsa sobe para cima de um banco banco e agradece de braços abertos como uma diva num palco. “É mais do que já tive algum dia. Obrigada, paizinho! O dos céus e o da terra”, responde. Recebe outra mensagem: afinal, vai receber apenas dez mil euros e o resto quando se casar religiosamente. Elsa desce do banco rapidamente. A barriga desprende-se ainda mais. Nisto, chega Vasco. “Não vais acreditar! O meu pai transferiu dez mil euros para a minha conta! Não é tudo, mas é um começo, amor. Vamos poder ter a vida com que sonhámos, viajar, comprar um carro”, conta. O rapaz olha para a barriga e teme o pior, no entanto não tem tempo de a avisar. Ela volta a dançar samba e a barriga cai no chão com toda a força. E ainda lhe dá um pontapé. Todos ficam petrificados, fixando a barriga falsa. Arminda aproxima-se e olha para a barriga de Elsa, que está lisa. Olha, depois, para a falsa. Está em choque. “Não. Tu não tinhas coragem”, diz.
A cantora tenta explicar, mas ninguém a quer ouvir. A mãe de Vasco dá-lhe uma valente bofetada, ao mesmo tempo que grita que ela não vale nada. Prazeres também não se cala. “Aldrabona! Estás despedida, ouviste? Trafulha, intrujona.” Arminda continua: “A brincar assim com a boa-fé das pessoas. Vigarista!” Gabriela, incauta, também garante ter sido enganada. Elsa vai recuando até à porta sob os insultos das mulheres e, mal pode, foge. Arminda vira-se para o filho. “E tu, meu palerma? Não dizes nada? Não fazes nada? Tu sabias disto, não sabias?” Vasco, assustado e sem saber o que dizer, pois sempre soube de tudo, também sai dali a correr.