Ponto final nas gravações de “Festa é Festa” e os atores reagiram de formas diferentes. A novela idealizada por Cristina Ferreira e escrita pela equipa de Roberto Pereira não terá novos episódios de raiz, apesar de os telespectadores da TVI poderem continuar a acompanhar as aventuras de Bino, Aida, Corcovada, Tomé e companhia até ao mês de dezembro. E era, precisamente, essa data que o elenco tinha apontada para acabar de gravar, mas devido às audiências – que já estão longe das que valeram a liderança à estação de Queluz de Baixo – o diretor-geral José Eduardo Moniz decidiu, antes de ir de férias, não dar continuidade aos trabalhos. Um contratempo para muitos que, inclusivamente, chegaram a rejeitar outros projetos, mas uma boa notícia para outros que ou precisavam de descanso ou se mantêm no ativo no teatro, por exemplo.
Entre os atores mais apreensivos de “Festa é Festa” está Manuel Melo. O ator, que ficou conhecido como o “Girafa” na novela da TVI “Saber Amar”, em 2003, interpretou o divertido Jorge. “Foi tudo muito bom. Tudo o que se refere ao ‘Festa’, durante três anos, é especial e fica para toda a vida”, diz Manuel Melo à TvMais, para, em seguida, se justificar: “O espírito de família que se viveu, o tipo de humor que se fez… tudo foi talento. Estávamos todos no mesmo projeto e éramos uma família”. O ator confessa ter pena que a novela não tenha continuado as gravações. “Para mim o ‘Festa’ podia durar dez anos [emociona-se na conversa telefónica com a nossa revista]. Tinha tudo para ser um projeto que se podia estender, mas se calhar estou a falar com as emoções à flor da pele”, admite. Terminada uma produção de quase três anos e meio, com trabalho e rendimentos assegurados nesse período, o que se segue? “Férias não serão, porque nunca senti que estivesse a trabalhar com uma grande densidade para precisar de descanso a sério”, explica. “Agora chega aquela fase em que não me apetece ser ator. Espera-se por um telefonema das pessoas com decisões que possam ter visto aquilo que nós fizemos. Pode demorar um mês, meses ou um ano, chega a ansiedade, mas vou tentar não ficar muito ansioso”, remata, sem esconder a preocupação.
“Sou velho e o que vier, virá!”
Na expectativa anda também, por estes dias, Vítor Norte. Um dos grandes atores nacionais, que participou na novela como o taxista Manuel, o apaixonado por Corcovada (Maria do Céu Guerra), começa por lembrar como tudo começou. “Fui contratado para dez episódios e trabalhei, durante três anos, até à última cena”, diz, com orgulho, em declarações à TvMais. “Faço um balanço muito positivo deste projeto e conheci pessoas que vou passar a respeitar para a vida. Não é comum, nos dias de hoje, haver grandes êxitos que conquistem o público, mas o ‘Festa é Festa’ foi um desses casos”, elogia Vítor Norte.
Com muitos anos de experiência, alguns com hiatos entre projetos profissionais, lembra a experiência que tem para encarar o futuro já a partir desta semana. “Acabei de perder um projeto devido às alterações na novela, mas hoje perde-se e amanhã ganha-se”, frisa. “O ‘Festa é Festa’ acabou quando tinha de acabar, ou talvez não, não sei (risos). Já estou velho e, agora, o que vier, virá!”, remata Vítor Norte.
Satisfeitos pelo final
Se há atores, no elenco, que se mostram apreensivos com o final das gravações de “Festa é Festa”, como Manuel Melo e Vítor Norte, outros percebem a decisão de José Eduardo Moniz e até agradecem. É o caso de Rita Salema, a experiente atriz que deu a vida a Josefa, que, recentemente, comprou o café a Delfim (António Melo). “Este final de gravações, para mim, surge na altura certa, porque estava a dar aulas de Teatro de duas horas e meia e agora consigo ensinar durante cinco horas”, revela a atriz. “Foram dois anos fantásticos, um grande presente. Entrei já com o comboio em andamento, mas fui muito bem recebida pelo restante elenco, realizadores e produção. Antes de ‘Festa é Festa’ já não fazia novelas há cinco anos e foi mesmo muito bom voltar”, termina Rita Salema.
“O balanço que faço é mesmo muito positivo”, diz Vítor Emanuel, o Peixoto da trama. O ator que ficou conhecido como o “faz-tudo” na aldeia deixa uma palavra especial à “TVI”. “Agradeço à Cristina Ferreira e ao João Patrício pelo convite e ao Roberto Pereira pelos textos tão generosos e divertidos”, sublinha. “Obrigado, ainda, a todo o elenco e equipa que durante três anos e meio me apoiou. Nota 20 neste projeto!” “O desejo era que continuasse, claro. Quando se está feliz e preenchido com o trabalho que temos em mãos é algo maravilhoso”, admite o ator, que brinca na altura de dizer em que ponto fica a sua personagem. “Um Peixoto que, nomeadamente e ao nível, ainda não encontrou o seu amor, mas com 20 vezes mais bagagem de peripécias com o seu amigo Bino!” A concluir, e quanto ao futuro, Vítor Emanuel deixa tudo em aberto: “Para já ainda não posso falar…”
Grande Jornada
Pedro Alves, o inesquecível Bino, foi muito acarinhado pelo público nos últimos anos. O ator resume, agora, aquilo que chama de “grande jornada, muito exigente, mas muito gratificante”. “Em três anos e meio, aprendi muito e diverti-me. De uma coisa tenho a certeza: dei o meu melhor todos os dias. Acho que fica a história de um bom vilão, trapalhão, trafulha, pinga-amor, mas muito engraçado na forma como resolve os problemas em que se mete.” Na estrada com João Paulo Rodrigues, com a dupla Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, o ator continua com trabalho e já no próximo dia 2 de agosto, às 22 h, a dupla está na Figueira da Foz.