Pedro Barroso fala sobre a sua adição à cocaína sem meias palavras e, numa tentativa, para ajudar quem esteja a passar por algo semelhante.
Apesar de não ser a primeira vez que admite ter tido problemas com drogas, desta vez aceitou fazê-lo de uma forma mais profunda, numa entrevista para o Labirinto — Conversas sobre Saúde Mental, uma parceria entre a FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento) e o ‘Observador’.
“Acabava de gravar, ia buscar para consumir, começava a consumir. Agarrava no carro, fazia Lisboa-Porto, Porto-Lisboa”, recorda o ator. “Como se fosse um medicamento que me ajudava a suportar aquele que era o meu vazio”, diz sobre a cocaína.
Chegou a um ponto que já não era sustentável. Pedro reconhece que a adição o foi destruindo, na relação com amigos e com a família, no respeito dos colegas de trabalho, mas também em termos financeiros e físicos.
“O consumo de cocaína deixava-me mais leve naquilo que acabavam por ser os meus transtornos, as minhas dúvidas, as minhas inseguranças, e acabou por ser um conforto”, admite. Mesmo que o seu mundo estivesse a desabar.
A perda da avó levou-o a procurar ajuda
Foi a morte da avó que o levou a querer mudar de vida. No centro onde procurou tratamento, e no qual esteve durante 5 meses, passou por um turbilhão de emoções.
“Dá vergonha, sentes-te humilhado por ti próprio, sentes-te incapaz, triste com aquilo que tu criaste, que as pessoas a quem tu criaste danos merecem melhor”, assume Pedro Barroso, quando fala sobre a sua adição à cocaína
Pedro Barroso admitiu que teve recaídas e que estas fazem parte do processo. No caso dele, aconteceu ao fim de nove meses de tratamento e depois de ter andado a viajar pelo mundo.
“É importante falarmos das recaídas. São duras”, assegura, acrescentando que “num processo adição, é fácil tu arranjares desculpas”.
“Eu nunca vou falar do consumo no passado. Isto pode acontecer-me e eu tenho que estar sempre alerta”, reconhece.
Entretanto, a vida mudou. Vive na aldeia de Freixo com a companheira, Mariana, e o filho, Santiago, que tem oito meses. É empresário, ainda que continue ligado à televisão e acredite que está quase pronto para voltar.