
Sem comentários ou explicações, quinta-feira, dia 20, numa reunião de altos cargos policiais, em Córdoba, foi decidido afastar da investigação o comissário da Polícia Judicial de Sevilha, Manuel Piedrabuena.
A polícia mantém todas as linhas de investigação em aberto. A casa e a propriedade dos avós paternos de Ruth, 6 anos, e José, 2, uma área de 10 mil m2 na Quinta Las Quemadillas, nos arredores de Córdoba, foi revistada com auxílio de cães pisteiros e aparelhagem específica. Uma pedreira próxima da propriedade também foi revolvida pelos polícias, mas sem resultado. A investigação foi declarada inconclusiva.
José Bretón, pai dos meninos e principal suspeito devido às contradições quanto aos factos narrados à polícia, acompanhou sempre os investigadores nas buscas. O homem tem dito que nada tem a ver com o desaparecimento, mas um juiz decidiu que vai continuar preso sem fiança.
Gravações das câmaras de videovigilância pública, em redor do Parque Cruz Conde, lugar de onde o pai dos meninos diz que desapareceram, foram analisadas em detalhe. A relação das chamadas telefónicas feitas por Bretón naquele 8 de Outubro já é do conhecimento das polícias. Nas equipas de investigação criminal que procuram os irmãos estão efectivos da Polícia Científica de Sevilha e elementos da Unidade de Delinquência Especializada e Violenta (UDEV). Ninguém acredita nas versões do pai das crianças.
Desaparecidos
O pai de Ruth e José foi de fim-de-semana com eles a 7 de Outubro, para Córdoba, a cidade onde moram os avós e tios paternos destes. Às 18.40 h de sábado, 8 de Outubro último, telefonou à polícia, dizendo que os seus filhos tinham desaparecido do Parque Cruz Conde, onde estavam a brincar. Na qualidade de denunciante e testemunha, José Bretón deslocou-se diversas vezes à esquadra do Campo da Madre de Deus (em Córdoba) para prestar declarações. Terça-feira, 18, ficou detido por suspeita de homicídio e denúncia falsa. Dos meninos, nada.
Ninguém o viu
De todas as pessoas interrogadas pela polícia não há quem diga ter visto José Bretón no Parque Cruz Conde. Apenas uma testemunha revelou às autoridades espanholas (apareceu recentemente) ter visto o pai dos meninos naquela tarde de sábado. Estava muito nervoso, procurando os filhos, relatou à polícia. É o único testemunho que refere a presença de Bretón no parque.
Mãe avisada pela polícia
A família materna só foi avisada do desaparecimento numa chamada feita pela Polícia Nacional de Córdoba. A mãe dos meninos, Ruth Ortiz, deslocou-se ao Comissariado Provincial de Huelva e, na madrugada de domingo, 9, foi com outros membros da família para Córdoba, onde participou em grupos de busca. Nessa madrugada, a mãe das duas crianças apresentou à Polícia Nacional de Huelva uma queixa contra o progenitor dos pequenos por maus tratos psicológicos. A mãe de Ruth e José prestou declarações em Córdoba, recebeu apoio psicológico e regressou a sua casa em Huelva. Está separada do marido, com quem morava em Huelva e de quem apresentou queixa por violência psicológica. No fim-de-semana de 22 e 23 de Outubro, em Córdoba e em Huelva, centenas de pessoas concentraram-se, pedindo o regresso dos meninos. Numa carta, Ruth Ortiz anuncia ser “capaz de perdoar e esquecer” se puder voltar a “ver as suas caritas e ouvi-los chamá-la mamã”. Na missiva, pública, a mãe das crianças roga a quem os possa ter que os liberte e contará com o seu perdão.
Nota: Por vontade do autor, este texto não segue as regras do novo acordo ortográfico