De todos os afazeres que temos em mãos, a concretização dos mesmos é o menos difícil de conseguir. O desgaste das viagens condiciona parte da energia que se exige num bulício como o do Campeonato da Europa de futebol. De facto, nunca se “chega a chegar” e a partida é sempre a antevisão da próxima. Partida. Como se o mundo se fechasse numa bolha em que só o futebol conta e as contas que o futebol suscita fossem, no fim das mesmas, as orientações da nossa própria vida. Um mundo de suposições que tem mais do que futebol dentro dele. Voltamos a Lisboa? Ou partimos para Poznan e daí para Varsóvia? E quando o faremos? E como faremos? E de onde enviaremos o programa? Com que reportagens? E precisamos de fazer a mala pequena ou a grande? Alugamos carro ou marcamos avião? Estamos onde, agora? Aqui são mais duas horas do que em Lisboa? Não, na Polónia é apenas uma. A velocidade de Internet dará para enviar um programa de 35 minutos para Lisboa? A semana passada conseguimos. Todas estas nossas questões são mais urgentes que a resolução da crise do euro. Do outro euro. Por falar nisso, já tenho as notas ucranianas (hryvnias) todas misturadas com as notas polacas (zlotys) e empregadas mais rápidas que o Usain Bolt correm repetidamente atrás de mim dizendo que ali não aceitam dinheiro de um país que não corresponde àquele em que estamos. Está certo. Têm razão. Há, ainda, o fator tecnológico que ajuda como pode a minorar o efeito das saudades. Todos os dias vejo e falo com a Andreia e nunca deixo de a sentir próxima. Para além disso, como em todos os sábados do ano, o jornal “Expresso” é uma realidade que me acompanha e permite fazer um voo rasante sobre Portugal. Conto ler a edição do próximo sábado algures na Polónia. A viagem até Kharkiv deixou marcas, do sono que ficou por cumprir e nos passaportes dos holandeses. O sonho português continua.
O homem da cara pintada
No jogo com a Dinamarca, um português sobressaiu… Fora de campo. Nada menos que José Pereira, grande amigo de Cristiano Ronaldo e pai dos sobrinhos do capitão da Seleção, acompanhado de mais dois fiéis do madeirense. A bandeira facial chamou a atenção e Portugal não borrou a pintura…
Viajando com o inimigo
No dia do jogo com a Dinamarca e uma vez que estávamos instalados no mesmo hotel do que os vikings, deu–se a coincidência de estarmos prontos para sair para o estádio de Lviv no exato momento em que os dinamarqueses se preparavam no mesmo sentido. Ao invés de nos sujeitarmos à sorte do trânsito de uma cidade desconhecida, arriscámos meter o nosso carro na comitiva escandinava até que alguém reparasse em nós e nos expulsasse e repreendesse. Fomos andando, rindo e gravando ao mesmo tempo que, de quatro piscas ligados, deixávamos para trás todos os semáforos intermitentes. Acabámos por chegar ao Arena, prontos para ver o jogo que sorriria a Portugal.
O passeio do selecionador
Nas vésperas do jogo com a Holanda, estávamos nós a sair do centro de imprensa em Opalenica, depois de mandarmos o “Alta Definição” para Lisboa, quando encontramos Paulo Bento e o seu staff num passeio noturno, pós jantar, pelo pequeno parque contíguo ao centro de estágio. Era visível a boa disposição e, claro, muita tranquilidade
Obrigatório beijar
Num típico restaurante no centro de Lviv, encontrámos um sinal deveras curioso. Não indicava nenhuma proibição nem alerta mas, sim, um conselho. Aqui neste local não se deve fazer outra coisa senão… beijar. Também se pode jantar, é certo. Mas beijo é que não pode faltar!