Há quatro anos que a vida da ex-publicitária Filipa Gomes, de 33, deu uma grande volta. Concorreu a um casting promovido pela Fox e ganhou. Começou a apresentar “Prato do Dia”, no 24 Kitchen, e a partilhar com os portugueses algumas das suas iguarias mais gulosas. O trabalho na agência de publicidade ficou para trás e hoje Filipa é uma feliz foodie e apresentadora de televisão que já não passa despercebida na rua.
Antes da estreia do programa diário “Cozinha com Twist”, o seu terceiro programa naquele canal por cabo – que estreia segunda-feira, 24, às 21 h – , partilhou com a TvMais algumas das suas dicas gastronómicas e contou como está a viver um dos momentos mais felizes da sua vida, desde que há dois anos “a tarte saiu do forno”, isto é, teve a filha Julieta.
O que é “Cozinhar com Twist”?
O twist tem tudo a ver com aquilo que eu sou e vem de uma expressão que é muito minha, que é “dar o twist às coisas”, dar a volta. Este programa é mesmo a minha cara.
Como assim?
O look é mais parecido com o que gosto. É industrial retro, não tão “casa da avó”. A atitude na cozinha é semelhante ao que fazia, pois misturo ingredientes ou processos mais modernos com receitas que todos conhecem. No mesmo programa consigo ter uma receita vegan e depois um prato de carne. Acho que não tem mal.
Não segue regras na cozinha?
Quanto mais regras há, mais vontade tenho de as contrariar. Tento incentivar as pessoas a arriscar, cada um tem de apurar o seu gosto. Se tivermos de seguir as regras, a cozinha fica uma seca.
Esta é uma nova Filipa?
Sim, porque já passaram quatro anos desde a estreia de “O Prato do Dia” e dois desde o último episódio. Acredito que somos uma pessoa nova a cada dia, a cada semana. E, entretanto, há uma filha pelo meio…
Como está a Julieta?
Está incrível. Faz 2 anos agora em agosto. E é fascinante. Ter um filho é a viagem mais louca e intensa da tua vida. É a loucura! Vivemos todos os clichés. Dizes que é o maior amor da tua vida e é mesmo e não tens vergonha de o dizer. Vais jantar fora com os amigos e passas alguma parte do tempo a mostrar fotografias dela. Mas é mesmo assim.
Tem algum cuidado com a comida da sua filha?
Imenso, mas tento não ser uma mãe extremista. Isso não faz bem à cabeça de ninguém, inclusive à dela… Não quero que seja uma criança que nunca provou açúcar na vida. No primeiro ano evitei dar-lhe açúcares e quase todos os alimentos processados. A única exceção foi o leite, depois de ela ter deixado de mamar aos 10 meses, mas era biológico. Depois fiquei mais descontraída. Não dá para controlar tudo no dia a dia.
Todos tentamos controlar a alimentação…
Tento que a alimentação dela seja saudável, mas não fico maluca com isso. Posso dizer que 70% das coisas que compro lá para casa são biológicas.
Ela gosta de comer?
Sim, adora comer, o que é ótimo. Mas, por exemplo, gostava muito de brócolos e de repente não gosta. E pensava que as crianças não comem porque o pais não insistiam. Mas isso não é assim. As crianças mudam.
O que é que não pode faltar na dieta lá em casa?
Pouca carne, alguns pratos vegetarianos, uso muita quinoa, evito farinhas processadas, açúcar… Mas, confesso, não sou infeliz. Por exemplo, aos fins de semana não controlo tanto a comida. Amo de perdição comer pão, mas durante a semana evito. Até porque tenho tendência a engordar. Era feliz a comer pão com manteiga todos os dias. Sou saloia, não há nada a fazer (risos).
Há diferença entre o que faz em casa e o que apresenta no programa?
Sim. No programa tento dar o maior número de possibilidades às pessoas, até porque adoro cozinhar, adoro fazer bolos, mas não os posso fazer todos os dias. Adoro entremeada, mas não posso comer todos os dias… Na TV, tento dar muitas possibilidades às pessoas para que elas possam escolher o que mais lhes interessa.
Sempre teve este cuidado com a alimentação?
Não comia tanto abacate, tanta quinoa, não substituía as proteínas animais pelas vegetais. Mas já tinha uma dieta muito verde porque cresci com os meus avós que eram agricultores. Queríamos uma alface e íamos buscá-la à horta. Ela não estava no frigorífico. Sei o sabor do leite quando sai da vaca. As minhas raízes são as da comida de verdade.
Depois de um dia inteiro ligada à culinária, continua a gostar do cozinhar para a família?
Amo cozinhar, é terapêutico. O Jorge [Trindade, o companheiro] não cozinha, só lava a loiça. Mas não sou uma supermulher. Há muitas dias em que ter uma criança em casa é desgastante. Estive com a Julieta até aos 13 meses e havia dias muitos frustrantes e não conseguia fazer nada. Agora, às vezes, chego às 9 da noite a casa e opto pelo frango assado. Aliás, como imensas vezes frango assado, o que acontece é que compro um pouco mais e no dia seguinte faço uma salada, por exemplo.
Tem algum conselho a quem gosta de cozinhar e o faça todos os dias?
A cozinha tem de ser prática. Não podemos tentar ser perfeitos. Se gostamos de carne e peixe, não podemos de repente ser vegetarianos. A alimentação é um dos prazeres da vida, faz-me muito feliz. É uma infelicidade para mim estar a fazer dieta. Ainda não emagreci o que queria, depois da gravidez. Mas também o peso que tinha quando apareci não era o meu. Sou assim roliça.
E sofre com o excesso de peso?
Há dia sem que sofro mais, outros dias não. Mas, lá está, não sou perfeita.